Qualquer recente residente no Concelho de Oeiras inicia a busca de referências que se assemelhem ao Silicon Valley. Após uma busca pela literatura europeia sobre European Silicon Valleys, não se encontra ainda qualquer referência a Oeiras. São referidas cidades como Londres, Paris, Dublin, Berlim, mas não Oeiras, que não surge em nenhum documento escrito sobre território Hi tech, talvez seja ainda cedo para existirem referências escritas.
A melhor maneira de percorrer e descobrir um território sustentável, é percorrê-lo através dos seus transportes públicos. As 6 estações da ferrovia, no concelho de Oeiras, iguais a todas as outras da linha de Cascais, vítimas de um abandono e degradação assustadores, não se sabe nunca para onde se vai e a que horas, sem painéis informativos horários de destinos, de partidas e chegadas. A ferrovia terá sido o principal motor de crescimento demográfico, tal como a linha de Sintra para o concelho do mesmo nome, incluindo a vizinha Amadora. Hoje, as 6 estações do concelho de Oeiras, na linha de Cascais, estão decadentes e envelhecidas parecendo terra de ninguém.
Percorrendo o território concelhio, nas diferentes carreiras Vimeca, RL, Scotturb, Carris – esta numa estreita faixa de Algés-Linda-a-Velha –, descobrimos os diferentes bairros residenciais, mais ou menos isolados, dependendo quase exclusivamente do automóvel, na sua grande maioria sem as marcas da modernidade e inovação que se pretendem artificialmente criar no território.
Um exemplo especial, para chegar à Unidade de Saúde Pública Lisboa Ocidental e Oeiras (delegado de saúde do concelho de Oeiras e de algumas freguesias de Lisboa ocidental), na Av. António Bernardo Cabral Macedo, Paço de Arcos, para obtenção de atestados médicos de incapacidade, existem duas alternativas: ou a partir da estação de Paço de Arcos, ou de Oeiras, no 471 da Scotturb, que funciona um, a cada hora, descer na paragem do Oeiras Parque e depois fazer o restante percurso a pé. Para quem necessita de um atestado médico de incapacidade multiusos terá pela frente uma tarefa de descoberta e de aventura.

Parques e jardins existem, mas são escassos, se tivermos em conta a densidade populacional, superior em muitas áreas a 11.000 hab. /km2, caso de Algés, hoje considerada ultrapassada a capacidade de carga de qualquer território.
A ideia de novas ilhas de urbanizações destinadas a uma “classe média” sem capacidade para comprar em Lisboa, mas que terá de usar o automóvel para todo o tipo de deslocações, insiste numa premissa de habitação de quase luxo ou mesmo luxo, no conceito do condomínio fechado e privado, longe de infraestruturas culturais; o que é exatamente o desaconselhado pelas organizações internacionais. Aliás, se todos os municípios insistirem em construir o que publicitam nos PDM, passaremos a ter mais de 30 milhões de alojamentos, quando se prevê que venhamos a ser menos de 10 milhões nos próximos anos.