O movimento de cidadãos Evoluir Oeiras realizou este domingo, 25 de Abril de 2021, às 12h00 um Evento Comemorativo da Revolução e uma homenagem a Olga Maria Alves, vítima da PIDE na estação da CP de Caxias, no concelho de Oeiras.

No evento público, que se realizou junto ao monumento aos antigos presos políticos, frente à Estação de Caxias, discursaram António Perez Metelo, jornalista e ex-preso político em Caxias; o Coronel Carlos Matos Gomes, militar de Abril e Grande Oficial da Ordem da Liberdade; Clara Santiago, jovem ativista pela justiça climática; e Carla Castelo, ex-jornalista e cofundadora do movimento Evoluir Oeiras.
Esteve também presente o viúvo de Olga Maria Alves, Nuno Cunha Porto, e a sua sobrinha Catarina.

Perez Metelo recordou a história de Olga Maria Alves, que ía visitar o marido preso político em Caxias, e que ao correr para fugir ao assédio de elementos da PIDE foi trucidada por um comboio rápido.
Carla Castelo lembrou que o Movimento das Forças Armadas tinha três D’s – Democratizar, Descolonizar e Desenvolver, e disse que “o movimento Evoluir Oeiras, 47 anos depois do 25 de abril, propõe mais um D, que simboliza um dos grandes objetivos que temos hoje: Descarbonizar.”

A cofundadora do movimento Evoluir Oeiras – que no passado dia 21 de março se disponibilizou para encabeçar uma candidatura à Câmara Municipal de Oeiras com outras cidadãs e cidadãos, e aberta a todas as forças políticas que se queiram juntar – considerou que o “poder local tem um papel a desempenhar nesse esforço coletivo: Precisamos de reduzir os impactos negativos da atividade humana nesta Terra que habitamos; precisamos de reduzir as desigualdades sociais; e precisamos de reforçar a democracia e a participação cidadã, rumo a um modelo de desenvolvimento mais justo e equilibrado”.
Carlos Matos Gomes afirmou que “o 25 de abril é um bem público, que tem de ser defendido contra os que querem restaurar castas e privilégios”. O Militar de Abril considerou que o 25 de abril é o futuro e foi o futuro quando terminou uma guerra absurda e sem fim; quando deu direitos às mulheres, aos trabalhadores, às minorias, aos objetores, aos excluídos por motivos de orientação sexual, religiosa ou de origem geográfica.” Mas Carlos Matos Gomes alertou que “o 25 de abril também foi o futuro quando permitiu a continuidade de fenómenos de caciquismo, de prepotência, de má gestão, de corrupção”, porque “o 25 de abril foi e é o futuro mas é também o espelho onde nos podemos rever no nosso melhor e no nosso pior”. O oficial reformado, historiador e escritor concluiu que “é pelo melhor que o 25 de abril nos proporcinou, que aqui estamos; é para lutar contra o pior, que aqui estamos”.
Na sua intervenção, Clara Santiago, jovem ativista pela justiça climática, considerou que “a História parece repetir-se” e que “talvez não seja lembrada com a sua devida urgência e significância. “ E deixou a sua visão utópica da revolução que ficou por cumprir, incluindo “uma economia justa, ao serviço da comunidade”, “uma transição justa, pensada pelos trabalhadores” e “um futuro descarbonizado e regenerador”.

No evento estiveram representantes do núcleo de Oeiras da Associação 25 de abril, do movimento Não Apaguem a Memória e dos partidos Bloco de Esquerda e Livre.
Contrariamente ao que nos haviam informado, que a desmontagem de uma tenda, que abrigara às 10:00, naquele mesmo local, um evento promovido pela Câmara Municipal de Oeiras (CMO), se realizaria apenas na segunda-feira, o Evoluir Oeiras foi surpreendido, à hora marcada, por uma equipa, que alguém da CMO mandara realizar esse trabalho no feriado, precisamente à hora da comemoração que pretendíamos realizar. Assim, mesmo com o ruído de fundo da desmontagem da tenda, reunimo-nos com os cidadãos de Oeiras presentes e realizámos a pretendida singela homenagem às vítimas do Estado Novo, ao 25 de Abril e à juventude atual, nas suas lutas pela justiça social e pela sustentabilidade ambiental.
Eis um vídeo de resumo das intervenções: