O dia começa com o caminho para a escola. Felizmente a distância permite-nos ir a pé. Percorremos os interstícios de terrenos não ocupados e tentativas falhadas de criação de espaços públicos. O verde cresce e floresce, sem ninguém intervir. Por entre flores silvestres, vemos um cartaxo e ouvimos um melro. Ali ao lado, num dos prédios, nidifica um falcão. A biodiversidade cerca-nos e alegra o nosso dia.
Há algumas semanas, deu início uma obra de construção… camiões, taipais e um futuro prédio que surgirá e mais um bocadinho de verde que vai desaparecer. Este espaço que nos últimos tempos de confinamento se tem enchido de gente a caminhar, a fazer exercício, a passear e a aproveitar a natureza envolvente.
A minha filha perguntou-me se do outro lado do caminho também vão construir prédios, se vamos poder continuar a ir a pé para a escola. E se o cartaxo irá para outro lugar.
Chegamos à escola. É um edifício grande, infraestruturas relativamente recentes e que serve mais de meio milhar de alunos. Não se vê uma única árvore no recreio.
A nossa profunda desconexão com o meio natural começa aqui…
